Cheguei ao mundo de forma natural.
Um parto!
Literalmente, Normal.
Chorei.
Parabéns, mamãe, sou uma menina!
Chorei...
Sufoquei o grito de quem quer voltar,
Retroceder,
Não nascer, renascer,
Não Ser:
Re-Nata.
Trouxe uma bagagem pesada...
Alma angustiada por assombrações passadas,
Carregada de infortúnios -
Mal do meu século!
Mal do meu século!
Assim, cheguei a um planeta chamado Terra.
Fui arremessada para esta guerra!
Teria, eu, outra alternativa, senão, chorar?
Chorei!
Mas ninguém parecia ouvir minha lamúria.
Uma lástima!
Desventura...
Para não dizer: Tortura!
A falta de paciência me leva à loucura...
Te adianta e fala!
Faz logo as perguntas que desejas.
Anda, despeja! Tenho pressa!
Aviso, a resposta, muitas vezes, cala...
Mas não se acovarde,
Ainda estou aqui
E a dor arde,
Teima,
Me queima!
Agora calas, ser terreno?
Por mal, deixarei minhas respostas de herança:
Teria, eu, outra alternativa, senão, chorar?
Chorei!
Mas ninguém parecia ouvir minha lamúria.
Uma lástima!
Desventura...
Para não dizer: Tortura!
A falta de paciência me leva à loucura...
Te adianta e fala!
Faz logo as perguntas que desejas.
Anda, despeja! Tenho pressa!
Aviso, a resposta, muitas vezes, cala...
Mas não se acovarde,
Ainda estou aqui
E a dor arde,
Teima,
Me queima!
Agora calas, ser terreno?
Por mal, deixarei minhas respostas de herança:
Meu corpo? Meu Cárcere!
Meu mal? Teu Universo!
Sim, só teu, porque eu não sou deste mundo!
E também já nem sei quem sou.
Sequer sei exato em que estação estou!
Vivo à margem da dualidade, da desestabilidade.
Confesso:
É de enlouquecer!
Isso, enlouqueci...
Nem quero esta tua terra!
Cambaleio entorpecida,
Desabo embevecida
Em Êxtase,
Em Transe...
Isso, sim, para mim, é viver!
Sim, Vivo minha loucura...
Exato, prefiro-a
à enxergar essa lucidez que te amargura,
à enxergar essa lucidez que te amargura,
a cegar diante desse amar que sangra,
ao ver-te, no fim!
Últimas palavras?
Um abuso! Que seja breve,
Só não prometo ser leve:
Últimas palavras?
Um abuso! Que seja breve,
Só não prometo ser leve:
Perdoa, mamãe, por ter afogado meu gêmeo!
Teu útero não tinha espaço para dois corpos.
Ele se foi e me roubou o órgão,
Castrou-me!
Apropriou-se do meu sexo.
Confesso, pensei ter exterminado
Meu lindo e demoníaco ser idêntico.
Mas não pude executá-lo,
Não por completo...
Sacrifiquei seu corpo já condenado, afinal,
Para quê sofrer por ser autêntico?
Salvei uma criança da ignorância alheia.
Pensei fazer um bem a quem me fez Mulher!
Meu término deprimente...
E, agora, seu espírito anda a me espreitar.
Tua criança, mamãe! Teu menino
Ronda sem destino,
Numa rotina para me derrotar.
Quer meu corpo!
Teu útero não tinha espaço para dois corpos.
Ele se foi e me roubou o órgão,
Castrou-me!
Apropriou-se do meu sexo.
Confesso, pensei ter exterminado
Meu lindo e demoníaco ser idêntico.
Mas não pude executá-lo,
Não por completo...
Sacrifiquei seu corpo já condenado, afinal,
Para quê sofrer por ser autêntico?
Salvei uma criança da ignorância alheia.
Pensei fazer um bem a quem me fez Mulher!
Meu término deprimente...
E, agora, seu espírito anda a me espreitar.
Tua criança, mamãe! Teu menino
Ronda sem destino,
Numa rotina para me derrotar.
Quer meu corpo!
Ele, agora, quer Ser também.
Quem mandou, mamãe? Uma gravidez gemelar!
Quem mandou, mamãe? Uma gravidez gemelar!
É lógico:
Não consigo me libertar!
Muitas vezes, sou mais ele do que eu!
Não consigo me libertar!
Muitas vezes, sou mais ele do que eu!
Somos dois!
E não possuo seu corpo,
Porém, Ele tem o meu!
Este é o meu castigo, meu eterno tormento:
E não possuo seu corpo,
Porém, Ele tem o meu!
Este é o meu castigo, meu eterno tormento:
A presença do outro - inseparável parte de mim.
O bebê que não teve a oportunidade de nascer, crescer...
O menino poderia ter sido Homem uma vez sequer!
Devia ter me devorado,
O bebê que não teve a oportunidade de nascer, crescer...
O menino poderia ter sido Homem uma vez sequer!
Devia ter me devorado,
Teria, dessa forma, me poupado
Desta vida inorgânica de tudo o que há na Terra!
(Renata Nunes)
(Renata Nunes)
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