quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Your body is a Wonderland...




Rápido, Rápido!
É hora do Chá!
Lá vai o Coelho com seu insistente relógio,
Fazendo seu interminável e irritante:
Tic tac, tic tac, tic tac...
É tarde, é tarde,
É tarde, é tarde, é tarde!
Ai, ai, meu Deus...
Quanta pressa!
Estamos caindo...
À caminho dum maravilhoso sub-mundo!
- Avesso do Real -
Não se preocupe, Cair não dói!
Estamos voando...
Estou sorrindo...
...
Sempre pontual, meu adorável Chapeleiro!
Adoro o cheiro desse lugar...
Ah, permita-me te apresentar!
Trouxe uma companhia hoje...
Encantada, não é?
Sim, o olhar dela é penetrante,
Algo alucinante...
O teu também é!
És apaixonante, meu louco Chapeleiro...
Sim, aceitamos uma xícara de Chá!
Claro que podes nos contar um segredo!
Teu jardim será só nosso?
Preparaste um Chá apenas para nós duas?
Intrigante! Como sabias que estaríamos aqui hoje?
Nós duas...
Sempre com a razão, meu doce Chapeleiro:
Melhor não saber...
Qual a necessidade de pensar, não é mesmo?
Podes nos levar até o jardim?
Sim, antes, brindemos! Tomemos mais Chá!
...
O jardim estava repleto, florido, colorido...
Havia uma toalha branca bordada,
Delicadamente colocada sobre as flores,
Nos convidando para um distinto Chá
Ai, ai, meu amado Chapeleiro,
Está tudo tão perfeito!
Chapeleiro?
Desapareceu!
Imaginei... Estamos sozinhas!
Vem...
Aceitas mais uma gota de Chá?
Sim, sempre!
Olha ao redor...
Tão Monet!
Ou nossos olhos estão turvos?
Não importa! Adoro tudo o que vejo e desejo...
Olha, a Lua anda a sorrir!
Um brinde à Magia da Natureza,
Ao Avesso...
Consigo me enxergar em teus olhos...
Tuas pupilas estão dilatadas...
Consegues te enxergar em mim?
Chega mais perto...
Deixa... Adoro quando teu cabelo cai sobre teu rosto!
Me olha...
Devagar...
O que enxergas é pura beleza,
Teu reflexo!
Coloca tua mão em minha nuca,
Cerra meus olhos com um beijo,
E faz da minha boca uma fonte incessante de prazer
- Miragem na secura d'alma -
...
Estávamos sob o sorriso da Lua e o brilho das Estrelas,
Sentadas em meio às lapidadas porcelanas do Chá.
As flores haviam crescido tanto desde a minha última visita,
Que pareciam nuvens
- Um paraíso na terra -
Beijaste minha boca com ternura,
Mas o vento soprou,
O Fogo aumentou,
E as mordidas que recebia em meus lábios
Faziam-me estremecer!
Dos ternos e doces beijos,
Fomos aos entorpecentes, loucos, apaixonados e sôfregos lampejos!
Desejo contido, inaudito...
À beira da loucura,
Não conseguíamos mais parar...
Soltaste minha boca, e a tua percorreu minha nuca,
Afastou meus cabelos,
Encontrou os botões do meu vestido...
Ainda estava de olhos fechados,
Sentia tua boca percorrendo minhas costas,
Enquanto tuas mãos desabrochavam cada botão...
Tuas mãos deslisaram (entre as alças do vestido) através de meus braços
Até chegar em minhas mãos...
As alças do vestido se soltaram,
Ainda de costas, tocaste meus seios,
Senti os teus em meu corpo...
Me viraste, abri os olhos,
E fiquei alucinada com tamanha graça e formosura,
Corpos despidos sob a luz da noite...
Me pegaste no colo,
Num perfeito encaixar-se,
Nos beijamos...
Me doei para você,
Inteira...
A noite foi cúmplice
Dos sussurros e gemidos,
Da loucura de colar meu corpo no teu,
Dos movimentos sincronizados numa perfeita harmonia,
Do prazer indescritível,
Do tesão impalpável,
Da Loucura de Amar você...
Caminhei entre tuas pernas,
Minha língua percorreu teus seios,
Minhas mãos te apertavam,
Corpo e Alma tremiam!
Me deliciei com um outro e dulcíssimo Chá,
Aliciante... Alucinógeno...
Nos perdemos no desvario, na ânsia insana do fruir...
Chegamos juntas ao ápice,
Apogeu do prazer!
Cume do regozijar...
Sim, eu morri!
D'Amor... De tanto Amar!
Mas continuei viva para, ainda, olhar em teus olhos
E declarar:
Eu Amo Você...
Hei de Amar-te até Wonderland acabar!
Mas, Posso te contar um segredo?
Wonderland para sempre, em mim, Viverá...


(Renata Nunes)


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