Já me lancei no espelho.
E o coelho?
Será que, finalmente, abandonou o tempo?
...
A neve caía lá fora,
Agasalhando as árvores e os campos.
Meus olhos se debruçaram sobre a janela,
E o doce som do gelo na vidraça
Soava levemente...
Sonolência ou Fantasia?
Um terno e gélido beijo...
O inverno parece indiferente,
Mas nos ama, tanto que nos faz adormecer
Hibernar...
Num torpor para esperar o vento soprar,
Num uivo de liberdade!
Os bosques,então, se vestem de verde e bailam...
...
Engraçado, quando estou do outro lado, não consigo me tocar.
Que coisa!
Agora me vejo adormecida e estou aqui.
Do outro lado do espelho posso, enfim, me alcançar!
Vejo o fogo crepitar,
Estou queimando por dentro.
É preciso correr!
Correr muito rápido para continuar no mesmo lugar.
E correr o dobro para acompanhar minha mente,
Minhas ideias, meus ideais...
Minha vontade de viver!
Chorei...
Lágrimas geradas como o orvalho nascido na gelidez da madrugada.
Eu sou real?
Claro que sou! Ou estas lágrimas não existiriam.
Ou até elas podem ser irreais?
Que confuso!
Prefiro acreditar no impossível.
Esta é apenas uma das coisas que considerei impossível quando acordei hoje pela manhã.
...
Muito prazer, eu sou Alice!
Não, não sei o significado do meu nome.
Isso é importante?
Talvez meu nome tenha tantos significados que ficaria difícil falar...
Deve ser a junção de todos meus "Eus".
Por favor, não me faça pensar!
Não agora...
Preciso ir! É tarde...
Preciso saber onde estou.
Já sei, a Colina!
Vou escalá-la e, bem do alto, meus olhos alcançarão todas estas distâncias.
...
Um tabuleiro de Xadrez?
Tudo aqui é nonsense...
Que coisa!
Vou começar avançando duas casas,
Talvez, dessa forma, consiga realizar esta estranha travessia.
Não, não dá para pensar!
Como vou traçar uma linha unidirecional deste contexto?
É necessário capturar o Rei...
Que Rei?
Só lembro da Rainha Vermelha!
Afinal, Quem sou eu no jogo?
Intrigante...
Não, não sei quem sou!
Sequer tenho a fórmula para um Xeque-Mate!
Onde vim parar?
E o Chapeleiro?
Por onde andas que não vens me salvar?
...
Sim, agora percebo... És tu! Tu jogarás!
Que delícia me abandonar para que possas me movimentar!
Sim, sempre sorrio para você,
Meu incomparável Chapeleiro!
Podes me guiar...
Confio em nossa conexão!
Não, não tenho mais medo.
Claro, podes começar!
Posso te contar um segredo, meu adorável Chapeleiro?
Para que possa vivenciar e ganhar esta partida,
Sim, Eu necessito do teu Chá!
És minha riqueza!
Claro que não esquecerias!
Teu estonteante Chá...
Adoro absorver cada gotinha até ficar leve como o vento...
Sim, preciso estar leve para que possas me movimentar.
Sabe-se lá o que irei enfrentar!
Teus olhos já estão como eu gosto...
Já me vejo... Meu reflexo, meu Não-Eu!
Sim, agora estou pronta!
Vamos brindar,
E começar a jogar!
(Renata Nunes)
(Renata Nunes)
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