Uma
vez, num sonho...
Parei no tempo e na hora exata da
perda. Meus olhos pousaram nos teus – muda súplica d’uma alma... Suspirei e
exalei o desespero dos que conhecem um futuro doloroso, principalmente quando
carregam o fardo da culpa. Sim, sou culpada até de coisas que não sei... Sequer
balbuciei uma palavra, mas teus olhos me penetraram, me encontraram num presente
ambíguo e me levaram para outro plano... As vendas caíram. E a dor da realidade
só não é maior que a morte da ilusão (suicídio da alma...). Fixei a terna
expressão do teu rosto e indaguei o motivo da calma. Acaso não sentes a dor da imatura
separação? Não. A resposta foi: Não... Meus olhos já não enxergavam nada mais,
deixei-me inundar na vida e naufragar na morte. Afoguei meus lamentos, lamentei
meus tormentos e atormentei meu próprio afogamento... Eis que uma mão levemente
me tocou, me reergueu, me acariciou... Pelas tuas mãos, retornei ao palco da
vida. Dos teus lábios, surgiu a voz da mais bela canção. Cerrei meus olhos e,
enfim, beijei a boca da absolvição!
(Renata Nunes)
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