quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Uma vez, num sonho...



Uma vez, num sonho...



Parei no tempo e na hora exata da perda. Meus olhos pousaram nos teus – muda súplica d’uma alma... Suspirei e exalei o desespero dos que conhecem um futuro doloroso, principalmente quando carregam o fardo da culpa. Sim, sou culpada até de coisas que não sei... Sequer balbuciei uma palavra, mas teus olhos me penetraram, me encontraram num presente ambíguo e me levaram para outro plano... As vendas caíram. E a dor da realidade só não é maior que a morte da ilusão (suicídio da alma...). Fixei a terna expressão do teu rosto e indaguei o motivo da calma. Acaso não sentes a dor da imatura separação? Não. A resposta foi: Não... Meus olhos já não enxergavam nada mais, deixei-me inundar na vida e naufragar na morte. Afoguei meus lamentos, lamentei meus tormentos e atormentei meu próprio afogamento... Eis que uma mão levemente me tocou, me reergueu, me acariciou... Pelas tuas mãos, retornei ao palco da vida. Dos teus lábios, surgiu a voz da mais bela canção. Cerrei meus olhos e, enfim, beijei a boca da absolvição!


(Renata Nunes)

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