Oh, meu amado Chapeleiro,
Já não sei mais quem sou!
Alice errada, Alice certa,
Quem, de fato, se importa?
Por hoje, somente por hoje, estou perdida!
Encaro espelhos d'Alma,
Divorcio-me da Calma e...
Sequer consigo enxergar quantas "Alices" há em mim.
Tenho a visão de todas juntas,
Em atos ensandecidos,
À procura da cura,
Almejando a felicidade...
Afinal, onde encontramos a Ventura?
Suplico por uma resposta, meu doce Chapeleiro!
Apenas você é capaz de me entender,
Claro, és igual!
Vamos da Euforia à Atimia,
Do Céu ao Inferno,
Num alucinante Transtorno d'Humor...
Diz, meu Bipolar Chapeleiro,
Essa constante instabilidade ainda há de nos matar?
Sei... Entendo. Porém, não aceito!
Por qual motivo tivemos de nascer assim,
Com polos opostos que nunca se atraem,
E nos induz à total e absoluta LOUCURA?
Derramo Oceanos, Deságuo em águas desconhecidas,
Desapareço numa imensidão Azul,
Um submergir no A-mar...
Meu Chapeleiro Maluco, Eu estou enlouquecendo?
Sim, sempre com esta estranha razão que só os Loucos possuem:
Estou Louca. Louquinha!
Mas dizem que para viver essa lastimável realidade
É preciso ser Louco,
O que, por "sorte", Somos!
Ah, meu admirável Chapeleiro,
Somente você consegue arrancar-me este sorriso...
Posso te contar um segredo?
Se existe um momento no qual sou infinitamente feliz,
É este!
Exatamente esta Hora que não passa e se demora,
Quando estamos juntos,
Aprisionados no tempo e no espaço,
Sendo "Nós",
Tomando nosso alucinógeno e indispensável
Chá!
(Renata Nunes)