sábado, 27 de junho de 2015

A Colina.


Exasperada, procuro um retiro;
Longe desse ardor que me atormenta,
Dum corpo a ferver em tempestade violenta,
Dos gemidos de um coração dilacerado pelo tiro...

Tiro da distância, da vontade extrema, da loucura...

Sentindo o tremor do não ter, não poder, não tocar,
Minha alma se infesta de você. 
Sinto-me sufocar...

Dentro da minha insanidade
Existe uma pergunta a me incomodar:
Será - Você - uma ilusória e doce verdade?

Nada mais importa!
Fui pega de surpresa e aprisionada por vontade;
Agora, já é tarde! Não existe retorno...

Numa muda súplica, minh'alma chora.
Oceanos tentam expurgar esse excesso d'água,
E, a cada gota, sinto que não conseguirei me salvar...

Eis o prazeroso tormento de desejar!

Silencio...
E isso me mata - até mesmo de prazer!
Um prazer contido, mudo, desesperado...

Me desnudo e a teu encontro vou.
Meu desejo é o condutor;
A paixão... A inquietude que não arrrefece;
O amor? A luz! Rumo ao paraíso...

Me abandono e vôo...

Te roubo de teus sonhos.
Preciso viver o meu!
Vem! A colina nos aguarda...
É exatamente ali que te quero para meu sempre,
Meu porto seguro de falácia...

Te sinto, mas não te vejo...
Tão longe, tão perto...

Alberga-me, minha utópica Colina!
Pois em teu leito não há dissabores,
Nem insanidade que não se realize...
Aceita-me! Veste-me de flores!


(Renata Nunes)