quarta-feira, 30 de março de 2016

Beba-me!


Beba-me!
E mata tua sede d'amor.
Ou Coma-me!
Para satisfaz tua fome d'ardor...

Mas antes de escolher,
Pense sobre o que pode colher,
E se é capaz de suportar...
Ou, ao menos, ter força para peregrinar,
Caso contrário, pode se arrepender...

Entretanto, Não temas!
Posso destruir-te,
Consumir-te
E esbaldar-me em teu tremor.

Aconselho-te a não desperdiçar,
A absorver cada gotícula,
A aspirar todos os meus cheiros,
Na ganância do ter-me!

E, ainda, se for capaz,
COMA-ME e BEBA-ME!
Duma só vez.
Seja uma criancinha perspicaz,
Ou abstenha-se!
Sofro do imediatismo exacerbado,
Da cobiça descontrolada,
Da aflição arrebatadora d'alma,
Do, Agora, Eu quero TUDO ou nunca mais!
Vá em frente:
Lamba-me, Traga-me, Engole-me!
Apenas lembra-te:
Venha com a ânsia de me afrontar,
Dum Faz-me agonizar...
Ah, mas não esquece:
É, peremptoriamente proibido, se Apaixonar!



(Renata Nunes)







terça-feira, 29 de março de 2016

Ices...


Não, minha pequenina utopista,
 Nós é que somos alvo da incompreensão mundial,
Duma realidade cruel, amarga e golpista
O que esperar, minha revolucionária insolente,
Desta Terra demente e desigual?

Confuso é não ter as respostas,
Das tantas perguntas previamente propostas...

"Quem és tu?" 

Confuso é ter um futuro incerto,
Diante da obscuridade da queda em que desperto...

"Alice certa ou Alice errada?"

Confuso é não ter a normalidade nas veias,
E lidar com esta referida "sanidade" inserida em mentes ignorantes como teias...

"Quem és tu?"

Confuso é ter que sobreviver em meio à desleal necessidade do mundo ao qual não pertenço,
E, ainda, Viver sendo as duas:
A certa e a errada,
A equilibrada e a insana, louca, desvairada...

Pois Eu decreto e declaro
- Minha atrevida, doce e audaciosa ALICE -
   És a ventura almejada,
O encanto arraigado,
O devaneio jamais decifrado,
O arrebatamento mais desaforado;
Enfim, a sorte não anunciada de ter nascido
Pequenina num só corpo,
Mas ser gigante por ter o espírito tomado
Dessas tantas e estonteantes "ICES"...


(Renata Nunes)



sexta-feira, 18 de março de 2016

Do Agreste ao Litoral.

Adormeci como quem arrefece,
Diante duma Saudade denominada
Agreste.
Numa angústia redobrada pelo tempo,
Tentei, desesperadamente, encontrar a razão do meu surreal desejo.
A ânsia febril que meu corpo revestia,
Desencarcerou uma alma intempestiva e sedenta,
À procura do alguém que há tempos
- noutro plano -
Encantadoramente, me seduzia. 
Em êxtase, notei que a distância não mais existia.
A sofreguidão nos desnudou e a excitação me transbordou.
Em tempos de seca,
Uma enxurrada só pode ser sinônimo de profusão!
A secura e esterilidade do Agreste
Deu lugar a campos florescendo,
A férteis corpos deslizando,
Num oceano de cobiça por beijos
Colados, custosos, chupados...
Nossos seios...
Peles coladas num mar de voluptuosidade,
Corpos insanos e incansáveis num deleite d'amor. 
Estou desvairada,
Fascinada por ter o prazer de viver você.
És meu contentamento,
Minha luxúria
E meu maior anseio.
A fruição do auge do desejo!
É indescritível existir em você,
Me jogar trêmula em teu abraço
E nos sentir regozijar
Neste supremo ato de desfrute do fluir
- Na verdadeira Arte de, em ti, Amar - 

(Renata Nunes)

quinta-feira, 17 de março de 2016

Hey, Alice...



O tempo acabou,
É hora de voltar!
Salvar o Chapeleiro ou, enfim, me libertar?
O que eu enxergo através do espelho?
Dois mundos...
Não estou aqui, nem lá.
Tick, tock,
Chegou o momento da escolha.
Tick, tock,
É tarde! Ouço meu nome,
Tick, tock,
Não tenho tempo a perder!

...

Hey, Alice...

...

A qual mundo, de fato, pertenço?
Planeta Terra?
Não, não há Wonderland nesta imunda atmosfera!
Costuma-se dizer que o "jardim do vizinho" é sempre mais verde...
Ora, a questão não é esta!
A indagação se torna:
Quem és tu quando retornas?
Sim, meu destino,
Um desatino sem lei,
Regressar a um país onde a loucura não tem voz nem vez...

...

Hey, Alice...

...

É preferível cair...
E nessa livre queda, voar para te encontrar.
Quem imaginou que em meu mundo não há sofrimento,
A si próprio enganou.
É preciso encarar o tabuleiro
Para te salvar, meu Nobre e Bibolar Chapeleiro.
Pois, em meu mundo, os "palhaços" são fieis escudeiros.
E por você,
Meu Tresloucado Companheiro,
Hei de deflagar uma verdadeira guerra,
Com o único intuito de nos libertar .
Onde nosso próprio algoz, o Tempo, nos levará para bem longe desta ruína chamada:
Planeta Terra!
E apenas Ele, o Tempo, é capaz de nos aprisionar
Em nossa Pacífica e Eterna 
Hora do Chá!

...

Hey, Alice...
Amar-te-ei,
Ensandecidamente,
Enquanto este sonho durar!

(Renata Nunes)