sábado, 30 de dezembro de 2017

Desejo Incontido.



Adormeço. Ainda não é noite e adormeço.
O cansaço não tomou o meu corpo,
Sinto-me flutuar,
Anoiteço...
Algo sempre me leva de volta para você
- nosso inefável fundir -
E, não importa o que eu diga ou faça,
Ainda sentirei você aqui
Até o momento que eu partir...

Sim, eu desistiria da eternidade para magnetizar teus pelos,
Dominar teu corpo,
Fazê-lo gravitar ao redor do meu
- Ser Teu Eixo -

Você me enlaça sem tocar,
Encarcera-me sem correntes.
Eu nunca quis tanto algo,
Como afogar em seu amor
E não sentir a chuva, o temporal...
O teu desejo é o mais próximo do paraíso,
Lugar onde jamais pude adentrar.

Eu costumava viver de joelhos
- Numa ingrata oração cujo único pedido era partir -
Mas você me olha por alguns instantes,
E toda a minha força frágil se acaba.

Você se tornou a minha gravidade,
A força que me atrai para a Vida.
Gerando Energia, Conexão, Sintonia, 
Uma Sedutora Atração.

Esta Saudade Agreste me leva ao Delírio...

O Sol deve estar alto,
A claridade domina grande parte do planeta,
Mas eu ainda continuo acorrentada à noite,
No mundo da Lua!
Você está do outro lado do mundo, ainda assim, te exalto.
A linha do horizonte se divide, ainda assim, esqueço a enfadonha ampulheta.
A mesma que nos divide em dois,
A mesma que nos coloca à Milhas de distância...
Habito a treva, Sinto o anoitecer,
E, numa súplica silenciosa, peço para que as luzes nos guiem.

 Vejo Constelações...
Pergunto-me se você as vê também

...

Ouço a Tua Voz
- Grave e Arrebatadora -
Penetrando os meus ouvidos,
E, penetrando-os, torna-me integralmente Tua.

Fecho os olhos,
E, neste infindável segundo, ouço teus sussurros de desejo e prazer:

"Teus pequenos grandes lindos lábios
- distantes, abscônditos, inconcebíveis -
São como os distantes e inconcebíveis: os gostos, gozos de Tudo...

Temo em neles me perder, adormecer em profundos gemidos angelicais...
Reavivar
O que dentro de mim você secou,
O que dentro de mim você saqueou,
O que dentro de mim você tornou abismal e silencioso noturno: Saudades...

Saudades da seiva que, de tua terra umedecida pelo toque dos meus dedos, imaginei sentir, imaginei infestar-te do devir que te molha deliciosamente como sereno em noite de lua minguante a te engravidar de gozos eternos..." 

...

Senti o tremor de um corpo,
O torpor de uma alma...

Abri os olhos,
A Lua ainda estava lá
- Absoluta, Irresistível, Aliciadora -
Estava tão arrebatadoramente perto,
Tão tentadoramente apaixonante,
Deixei-me Enfeitiçar...
Viajei Nua.

A Restinga...
Meus pés descalços,
Uma caminhada para o deleite
- Prazer Contido -
A areia molhada inundou o meu corpo...
E, embriagada neste Umedecer,
Fiquei sem Ar!
O toque da brisa fez-me enlouquecer,
Devanear um delírio desatinado...

Senti tuas mãos na minha nuca,
Deslisando suavemente para prender meus cabelos,
O roçar da tua barba fez-me arrepiar,
A tua respiração ofegante deixou-me sem respirar,
O teso fez-me
Der-ra-mar...
Amar-te Ensandecidamente!

Teus dedos alcançaram as estrelas
- Minhas infinitas pintas -
Tua constelação!
Senti o mapear de um corpo, ao teu, atrelado
Diagrama que te conduziu ao Céu
- Transmutado num incontido Oceano -
Mar que saciou tua sede de Amar!

...

 Meus pequenos, grandes e pulsantes lábios
- Despidos, Tocados, Nítidos -
São como os imediatos e concebíveis - gostos, gozos de Tudo...

Não, não Temas neles perder-se, queimar na devassidão profunda de obscenos gemidos...

Quero Incendiar,
Renascer das cinzas dessa tresloucada Paixão!
E, ao olhar em teus olhos, Recomeçar,
Reavivar,
O que dentro e fora de mim você inunda,
O que dentro e fora de mim você preenche, penetra, paralisa,
O que dentro e fora de mim você tornou contíguo e gritante,
Diuturnamente...

Saudade...

Saudade das seivas paridas à distância, nutrindo campos através do encontro dos nossos olhos despidos. Imaginação fértil, corpos sequiosos de desejo, trêmulos de prazer, infestados do devir que nos molha deliciosamente como sereno em noite de lua minguante a nos corromper de gozos eternos...

...

Acordo. Ainda não é dia e acordo.
E, embora a treva ainda cubra cidades adormecidas,
Amanheço...
Tudo que alcanço é Luz!
E, totalmente entregue num iluminado sorriso,
Caio num pranto
- Sutil, Morno e Feliz -
Gratidão é a palavra...
Amo Você! 

...




(Renata Nunes & DiAfonso)












quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Antes do café da manhã, Eu sempre penso em seis coisas "Impossíveis"!




Sempre detestei relógios,
Eles me fazem lembrar o Tempo
- Soberbo e Limitante -
Levei anos para tentar aceitá-lo, entendê-lo...
A personificação do Tempo me fez aprender,
O tirano que me tirava vida, transformou-se em alguém respeitável e, até mesmo, encantador...

Porém, hoje, joguei para o alto quase sete anos de terapia,
Voltei a odiá-lo!
E, somente por hoje, desejei que o tempo não existisse,
Que simplesmente voltasse ao passado,
Ou volitasse num futuro próximo
- Um chamado para a felicidade -
O Presente emudeceu,
E eu, apenas, sobrevivi...

Peregrinei vacilante por cada importuno segundo deste dia,
Desejei adormecer para imergir em teu olhar
- Meu reflexo -
Desejei me reencontrar!
 O tempo tornou-se um íntimo inimigo,
Contra o qual preciso lutar para resgatar minha doce estadia
- Meu lampejo de prazer e regozijo -

...

Os Relógios perduram petrificados... 
O tempo anda apático...

...

Contrária à minha hiperatividade habitual,
Findei entorpecida diante do espelho. Acorrentada nesta enfadonha realidade (?),
Encarei o espelho e me permiti devanear...
Através de irreflexos, avistei o mundo ao qual, de fato, pertenço.
O pranto da saudade me invadiu por completo, por extenso...
A saudade me dominou.
Viver às avessas em meu mundo Nonsense é viver a minha Verdade!
Vidrada no espelho, quis atravessar para sentir-me pulsar.
Sim, estive fora por muito tempo...
E amigos não podem ser negligenciados!
Chorei devastada, 
Aterradoramente assustada neste deprimente
Planeta Terra.

Não entendo o motivo de estar aprisionada a um mundo ao qual não pertenço,
No qual não quero habitar - sequer por um ínfimo segundo.
Pensei em Você,
E desabei assolada...
Compreendi que, incompleta, torna-se impossível ir...
É essencial estar inteira e, sem você,
Torna-se Utópico partir...

...

Uma Alma habitando dois Corpos...

...

Como poderia nos abandonar,
Negligenciar o que somos e sentimos?
Em meio a ininterruptos soluços,
Ergui a cabeça e voltei os olhos para o espelho
- Embaçado e Obscuro -
Avistei o brilho dos meus olhos
E admiti, mergulhada numa luz irradiante, que
Sem você, não desejo prosseguir.

Nas profundezas deste eterno apaixonar,
Pude nos transportar para o lugar onde costumávamos amar,
O lugar que só nós dois conhecemos...
Submersos entre olhares, nos reconhecemos e, 
Em meio a distâncias limitantes,
Libertamos uma Alma
Contida por habitar dois Corpos (tão absurdamente distantes)...

Nossos olhos declaravam um EU TE AMO silencioso,
Quando uma voz amiga quebrou este doce silêncio:

"Considere a grande menina que se tornou. Considere a grande distância percorrida num só dia. Considere o Tempo. Considere qualquer coisa, mas não Chore!".

Meu adorável e inesquecível Chapeleiro,
Sempre sábio, Sempre preciso, direto e verdadeiro!
Não preciso chorar tanto,
Afinal, ninguém consegue conquistar algo com lágrimas!

Lembrei-me das seis coisas "impossíveis" que pensei ainda pela manhã,
E sorri!

  1. Uma poção de encolher para que pudesses me levar contigo a todo o momento.
  2.   Um bolo mágico que me tornasse gigante, dessa forma, estaria a um passo de você.
  3. Animais que pudessem falar... Ah, eu te enviaria infindos mensageiros para que eles sussurrassem o meu amor por você... Tão perto que te faria arrepiar (corpo e alma)!
  4. Um lugar chamado LAR... O lugar onde o coração se grava em pedra. O nosso, sem dúvida alguma, é alcançado quando nossos olhos colidem.
  5. Alcançar Terra e Céu a um só Tempo.
  6. Testemunhar o nosso reencontro...

SÓ PODEMOS ALCANÇAR O IMPOSSÍVEL SE ACREDITARMOS QUE É POSSÍVEL!



(Renata Nunes)








terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Estação dos Sonhos.


De repente, caminhava no outono, por entre árvores de infinita beleza. Folhas caíam, bailando no ar... O vento frio me arrepiava a pele, ouriçava meus pelos, desalinhava os longos fios dos meus cabelos... A cena figurava um quadro de poucas cores, frias dores. Comecei a ouvir uivos vindos de além-ar, sussurros que não me impediam de andar, respirar, destilar meus dissabores...

Andava seca como as folhas caídas na estrada infinda. Caminhava sem rumo, não havia leme. Minhas mãos seguravam algo firmemente nos bolsos do grosso casaco. Sequer ousava olhar para trás e ver a estrada coberta de folhas mortas, preferia sentir o som do vento arrancando suavemente folha a folha em seu destruir para recomeçar... Não sabia onde pretendia chegar, apenas tinha a certeza de que parar significaria me enterrar com tantas folhas já sem vida. Talvez algo em mim ainda quisesse lutar contra a morte.

Meus olhos petrificados e turvos sequer piscavam – rosto contraído, sem movimento... Apenas o vento me acariciava a face. Nem alma havia em meu caminho e nem um ser vivo se atreveria a tanto... Continuava a caminhar contra o vento, contra o tempo, contra meus próprios tormentos. O ar exalava lamento, a estação começou a mudar...

As árvores antes compostas de secas folhagens se transformaram em negros troncos congelados. A tela pintou-se de preto e branco. Mas o clima não era tão frio quanto o gelo esculpido pelos meus olhos – perfeita obra-prima! Caminhei tanto que em determinado momento cheguei ao nada, enfim, tudo branco – cor do meu pranto...

Não havia mais razões para continuar, parei. Estaquei e quase congelo não fosse as mãos enfiadas nos bolsos macios. Saí do transe no qual me encontrava ao sentir algo em minhas mãos. Saquei a mão direita e num papel branco pude ver o desenho de um coração. Não sei se isto me fez lembrar que eu tinha um coração, mas parece que o sangue voltou a circular pelo meu corpo – descongelar de uma alma... Lembrei-me de que havia algo entre meus dedos da mão esquerda. Numa folha colorida e amassada, estava escrito:

"... Acaso o inverno aparentemente seja a única solução, não esqueça que a primavera é a próxima estação..."

...

Acordei.

...

Oceanos desaguaram,
- Prenúncio de libertação? -
Permiti que escorressem, despencassem, encharcassem...
Inundando o corpo, drenando a alma.
Minha visão permaneceu nebulosa por muito tempo
- Minha turva realidade -
Meus mundos se chocaram,
- Anúncio do Caos? -
Percebi-me Desguarnecida, Desabitada, Plenamente Derramada...

Contrária à ordem natural da própria natureza,
Não, não senti o desabrochar das flores.
Recuei.
Percorri o caminho inverso (condizente com a minha muda estranheza). 
Senti brotar o inverno de todas as dores.
Divaguei.

Habitei o Vazio
- Total e Absoluto -
Arrepiei de Frio...

Joguei-me na decadência
- Estação da Introspecção -
Neste retrocesso, caí...
Ruína da inconsciência!
Uma intensa ventania tomou o meu corpo,
O ar foi tomado por uivos paridos em terra de ninguém.

Habitei o "olho do furacão"
- Revolto e Destrutivo -
Senti um turbilhão no coração...

Despenquei na Seca
- Estação da Estiagem -
Estanquei sem ar, desmaiei...
Auge da Consciência!
Um intenso queimor percorreu minhas veias,
Enquanto meu corpo (ainda inerte) recebia pancadas d'água.
Inundei-me por completo!

Habitei terras Áridas
- Tediosas e Sedentas -
Senti que deveria Regá-las...

E, neste constante doar-me,
Avistei um lindo recomeço
- Estação do Reflorescimento -
Prossegui banhando cada pedacinho de Terra infértil.
E presenciei a divindade acontecer através das infindas novas flores.
Senti o desabrochar de um Inefável Sorriso,
E o despertar d'alma para uma Indelével Era.

Percebi que Eu tenho o dom de transformar realidades!
Pensei em Você e meus lábios se agigantaram num lindo sorriso.
Duas lágrimas caíram para celebrar esta estranha e desconhecida Felicidade...

Neste exato momento, Eu precisava de você!
Atravessei infinitos para te encontrar...
Pousei em teu olhar...
Mergulhei em teu abraço – meu eterno porto-seguro...
Enfim, pude ver as cores e o perfume das flores habitando o meu ser 
– aquecer de um corpo, salvação de uma alma -

...

Despertei no Subconsciente...

...



Sim, esta Saudade Agreste me leva ao Delírio;


Muitas vezes, sequer sei distinguir sonho de realidade;
Não, não estou me utilizando dos meus constantes e irresistíveis excessos...
Divago Acordada, 
Acordo em meio a um sonho e, 
Por infinitos segundos,
Não sei o que é Palpável!
Não sei, sequer, onde estou!
Talvez nem saiba quem, de fato, SOU.
Quantas vezes peguei o celular achando que existia uma mensagem tua?
Hoje mesmo acordei assim e, em meio ao mais completo devaneio, 
Quis digitar a resposta que já estava em mente!
...
Levei uma eternidade tentando entender o motivo de não haver nem uma letra...
Tentei encontrar o consciente para, enfim, perceber que tudo isso havia ficado em meu mundo inconsciente...



Levantei trêmula... 


Corpo, Alma e Coração gritaram por Você!
Chorei...
Meus olhos, ainda nebulosos,
Possuíram o ambiente e, possuindo-os,
Aprisionaram-me nesta Saudade Inominável
Que me Infesta, Devasta
 E preenche...
Deixando-me louca e completamente apaixonada por Você.



...

Para quem acredita que é preferível não sentir tamanha loucura,
EU digo quão encantados tem sido os dias nos quais me perco e quase enlouqueço por ME SENTIR, ARREBATADORAMENTE, VIVA!

AMAR CURA!



(Renata Nunes)
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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Por Hoje, Somente por Hoje, Não Quero Falar Sobre As Flores...





Somente por hoje serei a pessoa mais feliz desse mundo.
Começar minhas 24 horas num sonho
- Florido, Colorido, docemente aromático - 
Foi algo Inusitado, Extasiante...

Costumo viver Wonderland (As Minhas Insanas Maravilhas)...
Porém, nas primeiras horas de hoje,
Fui delicadamente raptada,
Viajei para o Teu Mundo.

Não costumo sair do comodismo do meu mundinho,
Amo esta linda parte de mim!
Mas hoje, por algumas horas,
Habitei uma sedutora divindade,
 Saboreei a Antítese!

Libertei-me de Wonderland,
Expurguei todas as dores,
Repeli meus temores,
Abandonei-me inteira
E fui...

Me joguei completamente despida.
Sim, é preciso estar leve para voar...
Impossível tentar descrever tamanha beleza!
Me senti... Viva!
O portal para esse novo mundo?
Ah...Teu olhar tem o dom de me fazer levitar!
E penetrá-lo me leva às flores...

Porém, embora meus olhos tenham se transmutado em inefável aquarela,
Por hoje, somente por hoje, 
Não, não quero falar sobre as flores!
Quero falar sobre a inebriante paixão que me fez arder,
E Sobre o amor que não deixarei arrefecer.
Quero desenhar-te em letras para que a eternidade te alcance,
E deitar-te às margens do profano, 
Para que entendas uma alma em chamas 
- Ardendo de Desejo - 
Quero dar-te o divino,
Para que possas sentir anjos tocando o teu corpo 
- Libertando mundos das trevas - 

Teus olhos me paralisaram 
- Numa Viagem Atemporal -
Habitei Céu e Inferno
Juntos,
A um só tempo, 
Sobrepostos numa mesma realidade,
Que nos permitiu divagar... 
Perdidos numa ânsia ensurdecedora,
Arrebatados por um sentimento inesperado,
De alma leve, pois nos sabemos incontrolavelme entregues,
De corpos trêmulos, tesos, inundados...

Teus olhos...

Através dos teus olhos abandonei o CAOS,
Resgatei um "Eu" desconhecido, adormecido, renunciado...
Desbravei teu mundo
E me refugiei em teu abraço.

Toquei tua mão,
Acariciei os pelos do teu rosto,
Encostei suavemente em tua boca,
E sorri!
Foi aliciador...
 O perfume das flores se fez entorpecente.
Nada comparado ao exalado por você...
- Bálsamo da tua alma -
Foi encantador...
Agora?
Me deliciarei com as infindas horas desse novo dia.
Meu sol, finalmente, amanheceu!
Quando a noite chegar?
Você já sabe, prefiro não pensar!
Mas vou te confidenciar um segredo:
Quando hoje já for amanhã (nem mais, nem menos),
Sim, vou te roubar para mim!
E vivenciarei o nosso sempre,
Também em Wonderland.

Que o desejo nos cegue, 
A paixão nos guie,
E o amor nos proteja, 
Até o fim dos tempos!




(Renata Nunes)