Preciso admitir: Não consigo mais partir!
É como estar no "olho do furacão",
E, ainda assim, gostar...
Amar o Caos!
O mesmo que me arrasta e sufoca,
O mesmo que me solta e harmoniza.
Devo aceitar: Esta ânsia desenfreada pela balbúrdia me encanta!
Sou parte do tumulto
- magnificente, inconsciente -
Talvez seja o próprio Caos!
Este que me liberta e acorrenta,
Este que me desperta e desorienta...
Tento me redimir: Volto à enfadonha realidade!
Caminho desnorteada, vacilante, atônita...
Numa trajetória tão impostora quanto os quadros que se pintam
Pela farsa de muitos...
Uma tela em preto e branco,
Melancólica e fria...
É de Temer!
Esta existência não é caótica,
É uma trama ensaiada minunciosamente,
Cujo núcleo desconhece o desenrolar dos acontecimentos.
A sustentabilidade desta narrativa está perdida na hipocrisia,
Disfarçada de Progresso...
Um verdadeiro Retrocesso!
Estar num estado deprimente como este
Não é um Caos! Não o meu Caos...
Torna-se imprescindível elucidar: Meu Caos foi gerado e parido por mim!
Talvez para nomear a minha própria desordem...
Talvez para fugir desta concreta, gélida e monótona Vida.
Meu Caos não é um pandemônio,
É apenas um mundo confuso que consegue organizar o meu próprio desconcerto.
E, por ser confuso, torna-se intrigante, sedutor, avassalador,
Viciante...
Dentre tantos vícios lícitos e ciclos viciosos,
Wonderland será sempre a minha droga favorita!
Neste mundo só meu, o Caos é a ordem,
Sem estrutura lógica,
Inteiramente Nonsense...
Uma viagem na loucura ilimitada de dois seres:
Eu e Alice ou Alice e Eu mesma...
A ordem não importa,
São "Eus"!
Somos um único passageiro à procura da liberdade
Do Ser
No Caos...
(Renata Nunes)