segunda-feira, 9 de maio de 2016

Desejo...

Dormirei com as Luas abertas,
Abrindo-se em mínguas,
Novas, cheias...
Dormirei com o Sol desperto,
Desabrindo em clamores,
Fulgores, amores...

Portas são janelas que sucumbem
À ousadia de quererem se fechar...
Janelas são portas que, obstinadas,
Teimam em recriar o mundo,
Na ânsia impetuosa dum futuro:

Incerto... Deserto? (...)

Não, não adormecerei até que Lua e Sol colidam,
Até sentir meus olhos queimando,
Meu corpo estremecendo,
Minh'alma entorpecendo e raiando
Com a magnitude desse impacto:

Profundo... Vazio? (...)

Dentro e fora,
Das tantas portas e janelas,
Que seja sentido a densidade infinita do Universo
Conspirando a favor de nossos anseios
- Desejos sorrateiros, pecados proibidos -
Que as estrelas desabem sem arrefecer,
Que brilhem incessantemente até tudo virar pó!
E, quando em cinza me transmutar,
Talvez adormeça...
Talvez encontre uma nova portela...

Pois deve haver um outro mundo,
Uma nova existência, uma nova Era,
Por detrás de tantas luas e sóis,
Assim, como Nós,
Separados por ciências anti-naturais
Mas que insistem em reger tempo e espaço,
Agindo como semi-deuses,
Com o fim de dominar a geografia da Terra,
Para, enfim, colidir entre lençóis.

Realidades nascem de sonhos
Despertos... Palpáveis...

Que minha sede não seja saciável,
Que o desejo me guie,
Me transforme, mas não me cure
Da insanidade - essa doce loucura...
E que jamais, nunca mais amanheça,
Se, por um grão de segundo,
Eu não mais acreditar
Que tudo é e sempre será:
Possível!


(Renata Nunes e Di Afonso)