Adormeci
para libertar uma alma aprisionada ao desconexo da realidade. O frio congelava
meu corpo e a neblina deixava tudo ao redor sombrio e nebuloso... Meu espírito
necessitava respirar – Uma brisa sutil e morna. Só havia um lugar para onde o
desejo poderia me levar, mas prometi te levar, lembra? Vem...
O litoral... A praia deserta, a noite
escura, pés descalços, pegadas na areia... A lua... Peguei suavemente em tuas
mãos, mergulhei em teus olhos e te fiz olhar para o céu. Te fiz presenciar o
céu mais estrelado de nossas vidas. São tantas e tão brilhantes que parecem
vagalumes bailando ao nosso redor... Pousei meus olhos em teus lábios e eles
estavam entreabertos num sorriso de torpor e encantamento. Sorri feliz, te
roubei um beijo estalado e corri...
Corríamos entre as estrelas,
gargalhávamos numa felicidade infantil, pura e ingênua. Paramos quando sentimos
a maré baixa nos banhando. Estaquei perplexa ao perceber o quanto nos aproximávamos
da lua... A cada passo, ela se agigantava à nossa frente. Notei teu olhar de
surpresa, fascinação, incredulidade e expliquei sorrindo: Olha o quanto já
caminhamos entre o mar! Sim, estamos em meio a uma Restinga – esta extensa
faixa de areia que se prende ao litoral e avança pelo mar. Por isto,
conseguimos chegar tão longe... Tão perto da Lua!
A Lua parecia tocar o final da
restinga e, cada passo dado, parecia nos aproximar cada vez mais – ao passo que
a mesma se agigantava diante de nossos olhos. Não conseguíamos mais avistar o
litoral de onde estávamos. Nossos olhos enxergavam o Belo – a perfeição da
Natureza e, isto, nos bastava. Tínhamos a lua iluminando o mar, as estrelas
dançando graciosamente ao nosso redor...
Toquei tuas mãos, fechei os olhos,
senti a brisa tocando nossos corpos e senti o teu cheiro... Lentamente, meus
olhos se abriram para você... Encostei meu rosto no teu e a carícia desse
momento foi mágica. Meus lábios encontraram os teus entreabertos... Nos
abraçamos e nos entregamos a um beijo de redenção – Eterno e Apaixonante.
Sorri para você mordendo os lábios e
corri! Brincar de “pega”... Enquanto saltitava na areia, me despia aos poucos
para você... Dançava e sorria... Quando saiu do torpor que se encontrava, você
foi mais rápida e me alcançou. Eu deixei... Perdi no jogo, mas ganhei você para
mim! Tuas mãos tocaram meu corpo molhado... As minhas mãos te desnudaram e te
inundaram de prazer... Estávamos completamente nuas... Nossos corpos colados pareciam
explodir de excitação – desejo incontido...
Neste instante, nos transmutamos em
uma só carne – duas almas num só corpo. Compusemos a Natureza de forma
avassaladora, apaixonante, sedutora e reluzente... Nos Amamos, minha eterna Paixão!
(Renata
Nunes)